Quando grandes partes da internet saem do ar, há dois suspeitos frequentes: o DNS e a região US East (N. Virginia) da Amazon Web Services. A região mais antiga e massiva da AWS acumulou um histórico notório de interrupções, e agora a gigante do cloud enfim apresenta uma medida concreta para reduzir o impacto desses incidentes: o Route 53 Accelerated Recovery.

A novidade, anunciada nesta quarta-feira, garante que clientes possam continuar fazendo alterações de DNS mesmo durante falhas regionais, com um RTO (Recovery Time Objective) de até 60 minutos. Na prática, significa que empresas poderão atualizar registros, provisionar infraestrutura de contingência ou redirecionar tráfego mesmo que a US-East esteja sofrendo degradação.

Uma melhora… dentro de limites

DNS está no centro de quase tudo. Quando ele falha, ou quando o provedor responsável não permite mudanças durante uma interrupção, o efeito dominó atinge bancos, fintechs, SaaS, e qualquer serviço que dependa de roteamento dinâmico. Setores regulados pressionaram a AWS para garantir que, independentemente da situação na US-East-1, seria possível reagir rapidamente e mover cargas para regiões ativas.

Segundo a AWS, o objetivo é fornecer “capacidades adicionais de resiliência de DNS” que atendam tanto a continuidade de negócios quanto normas regulatórias. A solução mantém disponíveis operações essenciais do Route 53, como ChangeResourceRecordSets e ListHostedZones, usando os mesmos endpoints da API, sem exigir ajustes em aplicações ou scripts.

Apesar do avanço, o novo recurso não elimina a possibilidade de interrupções severas. O próprio RTO de 60 minutos significa que, durante uma grande falha, este grande pedaço da internet ainda pode ficar parcialmente inutilizável por até uma hora, tempo suficiente para causar prejuízos massivos.

E se a AWS não cumprir esse prazo, o impacto pode ser ainda maior.

A criação do recurso evidencia como a região US-East-1 continua sendo um ponto sensível. Nos últimos anos, ela concentrou falhas emblemáticas, como o colapso do DynamoDB em outubro e problemas graves de VMs poucos dias depois — isso sem contar incidentes de 2021 e 2023. Em 2022, a Gartner já alertava que a região representava um risco sistêmico para empresas dependentes do cloud da AWS.

A AWS, por sua vez, defende que o problema não é a falta de robustez, mas sim o tamanho colossal da região, que faz com que ela seja o primeiro local a atingir limites e estressar serviços.Fique por dentro das principais novidades da semana sobre tecnologia e Linux: receba nossa newsletter!