A Adobe abriu a carteira e voltou ao jogo das grandes aquisições. A dona do Photoshop, Premiere e do pacote Experience Cloud anunciou a compra da Semrush, uma das principais plataformas de SEO e marketing digital do mercado, em um negócio de US$ 1,9 bilhão (cerca de R$ 10 bilhões), pago integralmente em dinheiro.
Por trás do valor bilionário, a estratégia é de reforçar as capacidades de inteligência artificial da Adobe, especialmente em um cenário em que ferramentas como ChatGPT e Gemini começam a se tornar a “nova página de resultados” de pesquisa.
Quanto vale o negócio — e por quê
O acordo prevê que a Adobe pague US$ 12 por ação da Semrush, um prêmio de cerca de 77% em relação ao último fechamento antes do anúncio, o que fez os papéis da empresa dispararem na bolsa.
A transação foi aprovada pelos conselhos de administração das duas companhias e deve ser concluída no primeiro semestre de 2026, ainda sujeita à aprovação de acionistas e reguladores antitruste.
No comunicado oficial, a Adobe explicita que a compra é motivada pela “era da IA agêntica”: modelos capazes de agir sozinhos, orquestrando campanhas, conteúdos e decisões de marketing com pouco input humano. Para isso, a empresa precisa enxergar melhor como as marcas aparecem na web, nos buscadores tradicionais e agora dentro dos grandes modelos de linguagem (LLMs). A Semrush entra justamente aí, como peça de visibilidade de marca e análise de presença digital.
A Semrush é um velho conhecido de quem trabalha com SEO, marketing de conteúdo e tráfego pago. A plataforma reúne uma grande quantidade de dados sobre busca, concorrência e comportamento de usuários, sendo usada por empresas como Amazon, JPMorgan Chase e TikTok.
De forma bem resumida, a Semrush oferece:
- Ferramentas avançadas de SEO (monitoramento de palavras-chave, auditoria de sites, análise de backlinks, acompanhamento de ranking);
- Recursos para publicidade digital, com suporte a campanhas em Google Ads e Meta Ads;
- Painéis para gestão de conteúdo, agendamento de posts, testes de desempenho e análise de engajamento;
- Relatórios detalhados de tráfego orgânico e pago, ajudando a guiar decisões editoriais e de mídia.
Nos últimos anos, a Semrush também passou a investir em GEO (Generative Engine Optimization) — uma espécie de “SEO para IAs generativas”, focado em como marcas aparecem em respostas de chatbots e assistentes baseados em LLMs.
É exatamente esse combo de SEO + GEO, já consolidado e com base de clientes robusta, que a Adobe quer trazer para o seu guarda-chuva de soluções digitais.
O movimento da Adobe parte de um diagnóstico simples: cada vez mais pessoas fazem perguntas para IAs como ChatGPT e Gemini em vez de abrir o Google diretamente. Se o usuário pede recomendações de produtos, serviços ou marcas para um modelo de linguagem, estar bem posicionado nesses “motores generativos” passa a ser tão importante quanto aparecer na primeira página do buscador.
A ideia é integrar a Semrush ao braço de Digital Experience da Adobe, que inclui ferramentas como Adobe Experience Manager, Adobe Analytics e o recém-lançado Adobe Brand Concierge.
Na prática, a Adobe quer oferecer um painel onde times de marketing vejam, em um único lugar, o impacto das ações em SEO clássico, em conteúdos otimizados para IA, em campanhas pagas e na jornada de experiência do cliente.
O que muda para o mercado (e para quem usa Semrush)
Por enquanto, não há sinais imediatos de mudança em planos, preços ou recursos da Semrush — o discurso oficial é de continuidade, com a plataforma passando a atuar integrada às soluções da Adobe de forma gradual após o fechamento do negócio.
Do lado da Adobe, a compra marca a retomada de aquisições de grande porte após o fracasso da tentativa de levar a Figma, barrada por reguladores em 2023. Agora, a aposta é em um alvo menor em receita, mas com alto valor estratégico em dados e posicionamento em IA para marketing.Contribua para o Diolinux permanecer independente e crescente: seja membro Diolinux Play e receba benefícios exclusivos!