O ecossistema do GIMP continua avançando em ritmo acelerado. Apenas oito meses após o lançamento do GIMP 3.0, já temos a primeira versão candidata do GIMP 3.2, trazendo um conjunto amplo de melhorias estruturais, novos fluxos de trabalho e avanços importantes em compatibilidade, desempenho e usabilidade. Embora ainda seja uma versão de testes, ela já mostra o que esperar da versão final do GIMP 3.2.
SVG nativo: o maior salto vetorial do GIMP desde sempre
Entre todas as novidades, duas se destacam: exportação nativa em SVG com vetores reais e um novo fluxo de rasterização mais previsível, pensados especialmente para designers, ilustradores e quem trabalha com materiais escaláveis ou híbridos entre bitmap e vetorial.

Com a introdução das vector layers no ciclo GIMP 3.x, faltava um elemento essencial para completar o fluxo de trabalho: exportar vetores como vetores, e não como bitmaps. O GIMP 3.2 RC1 finalmente resolve isso.Agora, ao exportar um arquivo em SVG, textos, caminhos e camadas vetoriais saem como objetos vetoriais reais, totalmente editáveis em softwares como Inkscape. Isso permite um fluxo híbrido muito mais natural e ajustes posteriores sem perda de qualidade. Camadas raster ainda podem ser incorporadas como PNG ou JPEG no arquivo, garantindo que efeitos bitmap continuem preservados.

Embora a importação SVG ainda rasterize vetores, algo que depende da troca de uma biblioteca usada pelo GIMP, a equipe já considera melhorias nessa área.
Um novo “rasterize workflow”
A transição entre objetos vetoriais, texto e pintura sempre foi uma área sensível no GIMP. O RC1 introduz um fluxo de rasterização muito mais claro e seguro:
- ferramentas destrutivas agora são bloqueadas em camadas vetoriais, de texto ou link layers até que o usuário escolha rasterizar;
- os comandos Rasterizar e Reverter rasterização aparecem claramente no menu de camadas;
- o comportamento passa a ser uniforme em todas as camadas vetoriais.
Além disso, grupos com modo atravessar agora consideram toda a área ao aplicar filtros. Isso faz com que grupos vazios possam atuar como camadas de ajustes, algo que há anos era pedido pela comunidade.

Outro refinamento importante: se um filtro não-destrutivo é usado no modo Quick Mask, sua saída agora é preservada ao sair do modo algo que antes podia gerar inconsistências.
Ferramentas, interface e fluxo de trabalho mais eficientes
A interface recebeu uma série de melhorias pontuais: ferramentas bloqueadas agora piscam visualmente para indicar que não podem ser usadas. Cores do histórico podem ser arrastadas e soltas como em qualquer outro widget. Arrastar um arquivo sobre a barra de abas abre o documento em uma nova aba.
O atalho Shift + X agora alterna rapidamente entre a ferramenta atual e a anterior, perfeito para alternar entre pincel e borracha, por exemplo. Esse comportamento também corrige a confusão causada pelo fato de filtros serem tratados internamente como “ferramentas”: ao aplicar um filtro, o GIMP automaticamente retorna à ferramenta anterior.
O editor de texto também está mais poderoso. Agora é possível movimentar a caixa de edição diretamente na tela, sem precisar escondê-la para continuar ajustando o texto. O RC1 também melhora a renderização em dimensões enormes e adiciona um atalho para colar texto sem formatação.
No macOS, o comando “Quit” agora respeita o fluxo padrão da plataforma, reduzindo riscos de perder trabalho não salvo. No Windows, o console recebeu saídas coloridas e tratamento correto para Ctrl+C, enquanto o instalador agora suporta oficialmente modo escuro.

Novos formatos, plug-ins aprimorados e melhorias de segurança
O RC1 passa a suportar importação de ZIPs contendo imagens, incluindo arquivos como hgt.zip da missão SRTM da NASA, além de adicionar suporte ao formato PVR, usado em mods e jogos do Dreamcast. O plug-in PDF agora exporta vetores de forma real, e o plug-in SVG acompanha a evolução da nova camada vetorial.
Várias correções de segurança foram implementadas após relatórios do Zero Day Initiative envolvendo carregamento de arquivos XCF e JP2, fortalecendo o GIMP contra ataques via arquivos malformados.
Desenvolvedores também ganham uma API significativamente ampliada para manipulação de textos, vetores e link layers, além de novos widgets e uma série de funções marcadas para depreciação.
Disponibilidade
O GIMP 3.2 RC1 está disponível como AppImage para Linux e como instalador EXE para Windows. Usuários macOS receberão uma atualização em breve. É uma versão experimental, mas estável o bastante para testes e feedback, algo que a equipe reforça ser extremamente importante nesta fase.
Se o GIMP 3.0 foi um salto técnico histórico, o GIMP 3.2 está se moldando como a versão que finalmente une o novo coração do software a workflows profissionais mais modernos, especialmente para quem trabalha com vetores, tipografia e edição não destrutiva. É, definitivamente, um momento empolgante para a comunidade.
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