A próxima versão do Ubuntu Server, a 25.10, prevista para 9 de outubro de 2025, está causando rebuliço entre administradores de sistemas e entusiastas de Linux. A mudança mais discutida? A remoção do wget da instalação padrão.

Vamos entender o que está acontecendo e por que essa decisão foi tomada.

Por que o wget está sendo removido?

A decisão de remover o wget do default install do Ubuntu Server 25.10 faz parte de um esforço maior para reduzir duplicações de ferramentas e deixar a instalação mais enxuta. Afinal, se já existe outra maneira de fazer a mesma coisa, por que ocupar mais espaço?

No lugar do wget, o Ubuntu agora aposta no wcurl, um wrapper do curl que oferece funcionalidades similares. E não, isso não é uma guerra entre wget e curl — é apenas uma tentativa de simplificar o sistema.

Segundo John Chittum, gerente de engenharia da Canonical:

“Isso se tornou mais fácil porque o wcurl está disponível na versão do curl incluída no Ubuntu 25.10. Ele é um substituto direto para comandos simples e cobre a maior parte da funcionalidade do wget. Para casos mais complexos, o wget ainda é a resposta correta.”

Ou seja: se você só usa wget exemplo.com/arquivo para baixar coisas, o wcurl vai funcionar de boas. Mas se seus scripts dependem de opções avançadas do wget, talvez seja melhor reinstalá-lo manualmente.

O que o wcurl faz (e o que não faz)?

O wcurl é um wrapper que converte comandos básicos do wget para o curl. Ele é capaz de:

  • Baixar arquivos com um comando simples;
  • Seguir redirecionamentos automaticamente (sem flags extras);
  • Evitar sobrescrever arquivos existentes;
  • Definir timestamps de arquivos conforme o servidor;
  • Lidar com caracteres especiais em URLs.

Mas, claro, ele não é um clone perfeito do wget. Se você depende de scripts complexos ou de funções específicas do wget, vai precisar instalá-lo com:

sudo apt install wget

Afinal, o wget continua nos repositórios oficiais, recebendo atualizações de segurança. Ele só não virá mais pré-instalado.

Outras remoções polêmicas

O wget não está sozinho nessa faxina do Ubuntu Server. Outras ferramentas também foram cortadas ou movidas para o “supported seed” (pacotes suportados, mas não instalados por padrão).

Adeus, multiplexadores redundantes

  • O Byobu foi completamente removido (e enviado para o universe). Motivo? Suporte estagnado e pouca relevância em servidores modernos;
  • Screen, o velho conhecido, foi movido para o supported seed, deixando tmux como o único multiplexador instalado por padrão.

Limpeza técnica

  • O cloud-guest-utils (usado para redimensionar partições em nuvem) foi mantido, mas só onde necessário;
  • Dirmngr (ferramenta do GnuPG para gerenciamento de chaves) foi removido do seed, mas ainda estará disponível via dependências do gnupg.

Mais mudanças virão

A Canonical já sinalizou outras alterações para versões futuras, incluindo a remoção de ferramentas de sistema de arquivos (btrfs, xfs) do default install para ficar apenas no pool (disponíveis para instalação sob demanda). Além diso, o open-vm-tools (para virtualização VMware) pode deixar de ser instalado automaticamente, dependendo do ambiente detectado.

Ainda é cedo para dizer se essas mudanças vão agradar a todos. Enquanto alguns veem como uma modernização necessária, outros podem estranhar a ausência de ferramentas que já eram parte do sistema há anos.

Mas uma coisa é certa: se você é daqueles que não vive sem wget, já sabe o que fazer depois de instalar o Ubuntu 25.10.

Agora, se você ainda não utilizou o Ubuntu Server e tem vontade de testar em seu computador, confira o nosso guia de instalação!