Se você é um entusiasta de jogos e já se aventurou pelo mundo do Linux, sabe que nem sempre foi fácil rodar seus títulos favoritos nesse sistema operacional. Mas, graças ao Proton e, indiretamente, ao Steam Deck, a Valve está reescrevendo essa história. Hoje podemos dizer que há um antes e um depois do projeto do Steam Deck quando falamos de jogos no Linux. E, cá entre nós, o futuro parece brilhante — ou pelo menos muito mais divertido.

O nascimento do Steam Deck: um novo capítulo

O Steam Deck foi lançado em 25 de fevereiro de 2022 e, desde então, vem conquistando um espaço significativo no mercado. Embora a Valve não divulgue números oficiais de vendas, o impacto do dispositivo é inegável. Projetos paralelos criados para fazer o Steam Deck funcionar, como o Proton, ganharam um impulso enorme, e o mercado de jogos no Linux nunca foi tão promissor.

O Proton, uma camada de compatibilidade desenvolvida pela Valve, permite que jogos feitos para Windows rodem no Linux. Ele começou a ser desenvolvido por volta de 2017, mas foi com o lançamento do Steam Deck que o projeto ganhou força total. Afinal, com um console baseado em Linux nas mãos de milhões de jogadores, a Valve precisava garantir que a experiência fosse a melhor possível. E, convenhamos, eles estão conseguindo.

O Proton é, sem dúvida, o grande herói dessa história. Graças a ele, muitos jogos single-player rodam no Linux sem grandes problemas. Na verdade, alguns até funcionam melhor do que no Windows! Claro, ainda há desafios, especialmente com jogos multiplayer que usam anti-cheats, como Fortnite e Valorant. Mas, para a maioria dos títulos single-player e mesmo em muitos jogos multiplayer, a experiência é excelente.

Segundo o ProtonDB, um banco de dados mantido pela comunidade, já são mais de 17.769 jogos que funcionam no Linux. Desses, 5.965 são verificados oficialmente pela Valve para o Steam Deck, o que significa que eles rodam sem problemas. Outros 11.854 são considerados “jogáveis”, ou seja, podem exigir alguns ajustes, mas ainda assim são perfeitamente utilizáveis.

O ProtonDB classifica os jogos em categorias como Platinum, Gold, Silver, Bronze e Borked. Um jogo Platinum é aquele que funciona perfeitamente, do início ao fim, sem necessidade de ajustes. Já um Borked é aquele que simplesmente não funciona — como Fortnite, que continua sendo um desafio para os jogadores Linux.

O Steam Deck revolucionou os jogos no Linux 1

Outro ponto que merece destaque é o SteamOS, o sistema operacional baseado em Linux que roda no Steam Deck. Desde o lançamento do console, a Valve prometeu que o SteamOS estaria disponível para outros dispositivos. Ainda não temos uma versão oficial para download, mas a comunidade já está fazendo sua parte.

Projetos como o Bazzite oferecem uma experiência semelhante ao SteamOS em outros hardwares, como o ASUS ROG Ally, notebooks e até desktops. Há até uma versão em desenvolvimento para Apple Silicon, o que significa que, em breve, você poderá transformar seu MacBook em um Steam Deck. Por que alguém faria isso? Bem, talvez por puro amor ao Linux — ou só para dizer que fez.

O Steam Deck está se tornando um híbrido entre o PC e o console tradicional. Enquanto consoles como o PlayStation e o Xbox têm ciclos de vida longos, o Steam Deck poderá seguir um caminho intermediário. A Valve já lançou uma versão OLED do dispositivo, com melhorias na tela e no Wi-Fi, mas sem mudanças significativas no hardware. Isso pode sugerir que a empresa está adotando uma estratégia mais próxima da indústria de consoles, onde as atualizações são menos frequentes, mas mais impactantes. Entretanto, a esta altura, o Hardware do Steam Deck já começa a ser insuficiente para novos lançamentos, mesmo considerando sua resolução de 1280×800.

Podemos dizer que a Valve não está apenas vendendo hardware; ela está criando um novo mercado. Vide os inúmeros “clones”, desde o ROG Ally até o Zeenix. Ao estabelecer o SteamOS e o Proton como padrões para jogos no Linux, a empresa está garantindo que o Steam continue sendo a principal plataforma para compra de jogos. Mesmo que outros dispositivos, como o ROG Ally, rodem Windows, a experiência personalizada do Steam OS ainda é a preferida pelos jogadores.

Este artigo é um corte do Diocast! Assista ao episódio completo onde debatemos algumas das notícias que mais movimentaram o universo do open source no início deste ano!